segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Maria, a mãe bendita

“Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lc 1.38)


A Bíblia contém variadas histórias envolvendo mulheres. Muitas delas foram escolhidas dentro do plano de Deus para cumprir muitos dos Seus planos: Débora, Ester, Priscila, Evódia, a sunamita. Outras, ainda há, que apesar de certos aspectos, figuram até na linhagem do Salvador. Vejam só as insondáveis possibilidades da Graça! Só mesmo o infinito amor de Deus para explicar. Mas é por Ele, nas Escrituras, nunca escolher as pessoas pelo que são, mas por aquilo que pela graça, poderiam ser, que conseguimos entender a inclusão na estirpe de Cristo, de Eva, Sara, Tamar, Raabe, Rute, Batseba e...Maria -a escolhida para ser a mãe de nosso amado Salvador e Senhor.

Quem era Maria, a quem, segundo o relato sagrado, o anjo Gabriel, cumprindo a mais importante de todas as suas missões, anunciou o mistério da Encarnação do Verbo? (Lc 1.26-38) Uma simples e graciosa jovem judia, descendente, junto com o noivo José, da casa real de Davi ( Lc 1. 27, 32, 69; 2.4), mas que aguardava com fé o cumprimento da profecia segundo a qual, por mercê de Deus, nasceria da mulher, Aquele que esmagaria a cabeça da serpente (Gn 3. 15).

Assim, entre os diversos papéis de Maria, na história cristã, um dos primeiros é o de revalorização da mulher, anatematizada desde a Queda. Desta vez, servindo como instrumento para trazer a graça divina aos homens.

Era uma jovenzinha humilde, recatada e temente a Deus. Seu encantador perfil salta das páginas sagradas e nos incute reverência, doçura, bondade e doação, ao mesmo tempo em que nos invade um imenso senso de respeito pela maneira como aceitou a honra inédita de abrigar no ventre o divino ser. Atitude que exigiu da Agraciada muita fé, coragem e determinação para aceitar semelhante desafio.

Não foi nada fácil para ela enfrentar a curiosidade, a incredulidade, a zombaria e a rejeição de que foi vítima. No entanto, com altriusmo, ela enfrentou as maiores renúncias de sua vida. Certamente seria o fim de seu noivado com José, o fim de seus sonhos de amor, de um lar feliz com seu marido e futuros filhos. Teria também de renunciar ao seu bom nome, à sua reputação, seu lugar na comunidade como uma mulher decente, de respeito e benquista por todos.

Maria deve ser honrada e respeitada como a doce mãe de Jesus, o meigo nazareno. Seu testemunho de pureza, fé, humildade e renúncia deve ser exemplo para todas as mulheres e em particular, para as mães, que neste século XXI se vêem à frente de tantos desafios e perplexidades. Quando a família se desestruturou e os valores cedem lugar para uma permissividade galopante.

Por desígnio de Deus, Maria ocupa lugar de honra no universo feminino, pois é bendita entre todas as mulheres, privilégio jamais eclipsado. Contudo, a Bíblia é cristalina ao apontar o lugar correto desta admirável mulher na história da salvação, quando ela mesma se identifica como “a serva do Senhor”. Ressalte - se, que Maria tinha plena consciência de sua condição pecadora, pois chamou o divino infante de “meu Salvador” (Lc 1.47).

Desse modo, percebe - se claramente à luz dos relatos sagrados que Maria é bendita entre as mulheres, não pelo que ela era, mas pela única e exclusiva razão de ser a escolhida por Deus para abrigar no ventre e dar à luz o Salvador Jesus (Lc 1. 28-35).

Seu exemplo de submissão e humildade é um alento numa época de tanto ‘salto alto’ e personalismo eclesiástico. Seu sábio conselho é de uma atualidade a toda prova. Ouçamos esta santa mulher, quando nos recomenda: “Fazei tudo quanto Ele vos disser”, Jo 2.5.

Não é bom teimar, ela sabe muito bem o que está dizendo.


Maria Lúcia Fonseca